Neste último ano em que tanto falamos de “movimento”, tivemos a oportunidade de ouvir uma analogia muito bem conseguida que compara o nosso corpo a uma “orquestra”. De facto somos uns afortunados por poder entender o funcionamento desta autêntica “obra” que é o corpo.
Neste contexto, o treinador tem um importante papel para que essa orquestra toque de uma forma cada vez mais afinada.
No entanto, nesse “palco” que é o treino quem deverá sobressair e brilhar deverá ser sempre o aluno. – “Uma orquestra resume-se a um conjunto de instrumentos (músculos), que operam em sinergia uns com os outros, através da liderança de um maestro (Sistema Nervoso), com o objetivo de produzir música (movimento). Posto isto, podemos concluir que os nossos músculos são os operários de uma ideia de movimento construída pelo nosso cérebro e que cada movimento vai exigir uma orquestração distinta (skill diferente).”
Arriscamo-nos mesmo a dizer que, quanto menos o nosso trabalho se fizer notar no(s) dia(s) a seguir a sessão connosco, melhor o nosso trabalho será.
Não pretendemos obviamente com isto dizer que não deveremos conferir intensidade e assegurar as “adaptações positivas” que tantas vezes referimos nos nossos textos.
Pretendemos sim, partilhar a ideia de que o nosso trabalho deve ser assertivo e subtilmente guiado pela tolerância e disponibilidade da pessoa, dando os estímulos adequados a quem está a treinar sob a nossa supervisão.
O(s) feedback(s) associados à enorme sensação de confiança e bem-estar do aluno poderão ser um excelente indicador da qualidade da nossa intervenção e respetivas decisões estratégicas.
Isso implica perceber o que é ou não do âmbito da nossa intervenção. Entender que o aluno nem sempre pode ir mais além por questões fisiológicas, físicas, psicológicas ou emocionais. Não sacrificar o corpo de quem nos confia a sua saúde e integridade em prol do resultado também é mestria.
Por outro lado também não pretendemos passar a ideia de que nos devemos afastar de todo e qualquer reconhecimento. Como qualquer profissional , também precisamos de dar a conhecer a nossa forma de trabalhar e de chegar às pessoas, caso contrário não pomos em prática a nossa missão e vocação de ajudar o próximo.
O que gostávamos de vos transmitir é que nem só de resultados sensacionalistas, mensuráveis e visíveis se avalia o valor do nosso trabalho (como por exemplo os quilos ou centímetros perdidos num determinado perímetro).Também não é a quantidade de estrelas/ atletas associados a nós, nem o número de seguidores nas redes sociais…
A única coisa que nos faz deixar a nossa marca para a posteridade é o nosso conhecimento. Partilhemo-lo sempre que podermos. A inquietude aliada ao realismo e responsabilidade por parte de todos nós poderá ser o caminho para se continuar a dar força a esta corrente de um maior profissionalismo no exercício que estamos a viver atualmente!
Continuemos juntos!
Texto de Gonçalo André e Tiago Gago
Adaptado de “A Sinfonia do Movimento por Pedro Vieira”, disponível aqui.