Como já vimos (na primeira parte deste artigo), se nos extremos de amplitude articular (quando o músculo está mais contraído ou mais alongado) temos menos capacidade de produzir força e ainda por cima existirem exercícios em que a variação da resistência nos dificulta nestes mesmos pontos, não fará mais sentido ajustarmos o perfil de resistência do exercício de modo a mantermos a nossa integridade neuro-músculo-articular!? A nós parece-nos que sim, sendo que esta questão tem particular relevância quando falamos de pessoas com pouca experiência de treino.
Por esta altura o leitor deve estar a questionar-se:
“ – Ok mas então, como é que isso me pode ajudar a treinar com mais intensidade?”
Primeiro, para compreender melhor o conceito de intensidade sugerimos a leitura do artigo (“Intensidade – O que é um treino intenso?”), pois vai ajudá-lo a esclarecer alguns mitos que estão associados a este tema.
“No exercício, a intensidade de esforço é determinada pelo volume de recrutamento das fibras musculares” (Body By Science, McGuff, D, 2009)
Ou seja, a intensidade está bastante relacionada com a quantidade de fibras que conseguimos estimular num determinado exercício, porém também está condicionada pela tolerância da pessoa em chegar a níveis de fadiga que a permitam chegar a esses níveis de recrutamento.
Em termos genéricos, temos 2 tipos de fibras musculares: as lentas, que levam mais tempo a entrar em fadiga mas também têm menor capacidade de produzir tensão e as rápidas, que fadigam mais rápido mas por sua vez têm maior capacidade de produzir tensão.
Quando estamos a fazer um exercício, o nosso sistema nervoso central vai recrutar primeiro as fibras de contração lenta e só depois as de contração rápida, mantendo o seu estado natural de conservação de energia, pois como já vimos anteriormente as fibras rápidas têm maior capacidade de gerar tensão.
Ora, se queremos atingir um nível de intensidade de esforço muscular elevado é necessário haver esta fadiga progressiva das fibras lentas para posteriormente recrutar as de contração rápida. E é aqui que começamos a relacionar o perfil de resistência com a intensidade.
Enquanto que num exercício com um perfil de resistência desajustado poderíamos terminar a série antes de recrutar todas as fibras musculares, pois torna-se de tal maneira difícil de completar o movimento que somos obrigados a isso. Já para não falar dos efeitos nocivos que as acelerações de movimento (como referido anteriormente) podem despoletar, pois ao acelerar o movimento sem controlo, estruturas passivas como: tendões, cartilagem, ligamentos, etc. podem ficar comprometidas. Num exercício com um perfil de resistência ajustado vamos ter a capacidade de produzir uma tensão muscular constante, focarmo-nos no controlo do movimento ao longo de todo o arco de movimento e por sua vez, aumentar a nossa capacidade voluntária de chegar a níveis de fadiga muscular que permitam recrutar o máximo de fibras musculares.
Alguma dúvida sobre esta e/ou outras temáticas não hesite em contatar-nos.
Texto de Flávio Faísca