O desenvolvimento que temos observado nas últimas décadas, de uma forma geral, tem-nos conduzido a que passemos mais tempo a desenvolver tarefas na posição de sentado e logo suscetíveis a longos períodos de inatividade física e maiores riscos para a nossa saúde.
Mesmo cumprido com algumas normas standard para a realização da componente de exercício físico, os riscos mencionados acima parecem ser independentes dessa concretização ou não.
O desenvolvimento de doença cardiovascular está presente em grupos de pessoas que mesmo cumprindo com um mínimo de 150 minutos de exercício moderado a vigoroso, por semana, sujeitem-se a longos períodos sentados e obviamente inatividade física.
Neste cenário a métrica comum dos 10 mil passos parece ser um ponto de partida a ideia a reter é que quantos mais passos se conseguirem dar menor serão as probabilidades de todas as causas de mortalidade na população em geral e particularmente na população em faixas etárias mais velhas.
A ideia será, a nosso ver, promover um maior número de passos diárias, para aqueles indivíduos que apresentam condição para tal e não estreitarmos apenas a um “valor mágico” (10000 passos) pois a adaptabilidade é uma característica presente na nossa vida.
Paralelamente a velocidade com que caminhamos é outra variável a ter em consideração representando acrescidos benefícios, significativos, para a saúde das pessoas. Provavelmente porque desafiamos e impomos maior exigência sobre os nossos sistemas orgânicos e órgãos (pulmões, coração, sistema muscular, esqueleto e sistema nervoso).
Por outro lado, estas sugestões abrangentes podem e devem ser acompanhadas por um processo de treino que permita não só avaliar a medida em que as mesmas podem ser executadas como preparar a tolerância para que o progresso nas mesmas variáveis seja um fator de maior independência por parte de toda a população.
Para finalizar, evidenciar então a importante natureza de caminharmos mais, mas também de perceber a individualidade de cada um de nós, que apesar de todos os benefícios nem todos têm a possibilidade de o “caminhar” ser um atividade “livre”, existem muitas pessoas com limitações. Nesse grupo e não só o treino mais específico poderá ser uma forma interessante de colmatar essas diferenças pela criação de exercício mais circunscrita às possibilidades de cada um.
Bons treinos.
Referências:
- Burton, H.M., & Coyle, E.F. 2021. Daily step count and postprandial fat metabolism. Medicine & Science in Sports & Exercise;
- DHHS (Department of Health and Human Services). 2018. 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee Scientific Report. Washington, D.C.
- Jayedi, A., Gohari, A., & Shab-Bidar, S. 2022. Daily step count and all‐cause mortality: A dose–response meta‐analysis of prospective cohort studies. Sports Medicine;
- Stamatakis, E., et al. 2018. Self-rated walking pace and all-cause, cardiovascular disease and cancer mortality: Individual participant pooled analysis of 50 225 walkers from 11 population;
- Studenski, S., et al. 2011. Gait speed and survival in older adults. JAMA, 305 (1), 50–58.