📘 Estamos na era do Fitness em que as premissas “No Pain, No Gain” e “quanto mais melhor” guiam o treino de muitas pessoas. No que toca a exercícios, o conceito de “quanto mais amplitude, melhor” é, também, utilizado. Felizmente, acredito eu, todas estas ideias estão no início da sua mudança, sendo eu um dos profissionais a contribuir para o seu efeito.
📘 Vamos então focar-nos no “quanto mais amplitude, melhor”. Frequentemente ouvimos opiniões diversas sobre a amplitude do Agachamento, ora que deve ser “Full Squat”, ora que deve ser “Parallel Squat”. A verdadeira resposta a isto é, depende. Antes de ter uma reposta definitiva deveremos questionar-nos sobre:
🎯Quem é que vai agachar?
🎯Com que objetivo?
🎯Qual a amplitude que está disponível?
🎯Qual o controlo sobre essa amplitude?
📘Após termos algumas respostas a estas perguntas é que poderemos obter uma resposta sobre que amplitude no agachamento é que vamos utilizar. Não é muito comum mas existe o síndrome de Conflito Femoro-Acetabular (FAI), com o qual poderemos estar a lidar e acentuar, sem termos noção disso.
📘O FAI é um conflito ósseo entre o fémur e o acetábulo. Habitualmente, nesta condição, existem alterações ósseas [1], sendo que existem 3 tipologias de Ancas, a Anca tipo CAM e a anca tipo Pincer, e a mista, que será uma combinação das duas (em baixo está a descrição de cada uma). Este conflito está presente, maioritariamente, em atletas de desportos com movimentos de grande amplitude e/ou movimentos explosivos repetitivos [1, 2]. (faz lembrar algo?!)
🎯 CAM: alteração óssea na transição entre o colo do fémur e a cabeça do fémur. Existindo uma proeminência.
🎯 Pincer: alteração no rebordo acetabular, existindo uma proeminência nesse rebordo.
🎯 Mista: uma junção das duas.
📘 Os sujeitos que apresentam algum tipo de FAI poderão apresentar menores amplitudes de Flexão, Abdução e Extensão da Anca e ainda menor amplitude de Agachamento [3]. Caso este síndrome seja ignorado, o sucessivo conflito pode originar uma ruptura do labrum, um desgaste precoce da cartilagem e consequentemente uma osteoartrose da anca [1, 4]. Portanto, nem sempre mais é melhor!
Rafael Peixoto | Strength Conditioning Specialist
1. Thomas, G.E., et al., Diagnosis and management of femoroacetabular impingement. Br J Gen Pract, 2013. 63(612): p. e513-5.
2. Ross, J.R., R.M. Stone, and C.M. Larson, Core Muscle Injury/Sports Hernia/Athletic Pubalgia, and Femoroacetabular Impingement. Sports Med Arthrosc Rev, 2015. 23(4): p. 213-20.
3. King, M.G., et al., Lower limb biomechanics in femoroacetabular impingement syndrome: a systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med, 2018. 52(9): p. 566-580.
4. Clohisy, J.C., L.C. St John, and A.L. Schutz, Surgical treatment of femoroacetabular impingement: a systematic review of the literature. Clin Orthop Relat Res, 2010. 468(2): p. 555-64.