Sempre que executa um exercício e a fadiga se instala, pode haver a predisposição para uma perda de controlo. Podem ocorrer as indesejadas compensações resultando numa aceleração da carga que poderá interferir na eficiência do exercício, ou seja, a aceleração é uma consequência da compensação.
Executar as repetições de forma lenta e controlada evitará “os picos de força potencialmente lesivos.”que, eventualmente, retiram o tempo sob tensão dos músculos alvo. Estes aspetos, inevitavelmente interferem na execução e, podem mesmo, afectar a consistência e qualidade de movimento.
Muitos praticantes ainda acreditam que ao executar um exercício de forma mais rápida vão conseguir recrutar mais unidades motoras, nomeadamente as de contracção rápida. No entanto, alertamos que esta questão depende mais da variável intensidade do que da variável velocidade.
Como vimos, estas variáveis podem estar inversamente relacionadas, ou seja, ao acelerarmos, estaremos inconscientemente a comprometer a intensidade. Portanto, para alcançar uma solicitação muscular ótima, precisamos de realizar um dado movimento com uma carga quase máxima para o sujeito mas que simultaneamente, este consiga manter o controlo e a técnica o mais possível de forma a manter o desafio em toda a amplitude do movimento sem comprometer a estrutura.
Outro aspeto que também gera confusão no momento de optar entre repetições rápidas ou repetições lentas, é acreditar que ao executar exercícios de forma mais lenta o atleta vai acabar por se tornar mais lento.
Acreditamos que tal não corresponde inteiramente à verdade. Lembre-se que, como já falámos noutros artigos, devemos ter em conta a segunda lei de Newton: “A força que age sobre um corpo é igual ao produto da massa pela sua aceleração (expressa pela equação F= m.a). Logo: quanto mais fortes são os músculos, mais capacidade têm para produzir força quando se contraem e mais rapidamente poderão acelerar o corpo ou um objecto que estejam a empurrar ou a exercer tracção.”
Portanto, se melhorar a força (mesmo que treine no ginásio com repetições lentas), a médio-longo prazo irá progressivamente conseguir mover cargas mais elevadas e de forma mais rápida de um modo consciente e voluntário.
Texto de Gonçalo André
Adaptado de Resistence Institute Biomechanics and Research