O profissional de exercício ser considerado um profissional de saúde é uma ambição cada vez mais instituída no seio dos técnicos de exercício físico e que, apesar de também ter a concordância por parte de muitos profissionais de saúde, nomeadamente da comunidade médica, esta é ainda uma meta que não se sabe quando poderá ser alcançada.
O setor do exercício já conta com associações que visam representar os seus profissionais como:
– APTEF (Associação Portuguesa de Técnicos de Exercício Físico)
– APFE (Associação Portuguesa de Fisiologistas de Exercício)
– UPDTEF (União Portuguesa dos Diretores Técnicos de Exercício Físico)
– CNAPEF (Conselho Nacional de Associações de Profissionais de Educação Física e Desporto)
Têm-se também reunido também esforços no sentido de criar uma Ordem dos profissionais do Exercício com o intuito de regular e valorizar a profissão.
No entanto, nomeadamente com esta pandemia percebe-se que há ainda um longo caminho a percorrer. Os profissionais viram as suas atividades interditas no nosso país ao contrário do que acontece noutras zonas do globo, precisamente por esse facto: não somos considerados profissionais de saúde apesar de todos os benefícios amplamente reconhecidos que resultam da nossa profissão.
A PTX avança portanto com alguns dos motivos que deveriam motivar a mudança deste paradigma:
⦁ O Sedentarismo assola cerca de 70% da população Portuguesa que afirma” nunca ou raramente” praticou exercício. É também preocupante constatar que apenas 20% da população com mais de 15 anos cumpre as recomendações de praticar exercício pelo menos 3 vezes por semana.
⦁ Quanto à Obesidade, Portugal ocupa o 4° lugar dos países da OCDE com população mais obesa! Cerca de 67,5% da população acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. E em crianças com idades entre os 5 e os 9 anos de idade, Portugal aparece em nono lugar.
⦁ Ao nível da Hipertensão, em Portugal a sua prevalência na população adulta é cerca de 42,6%. Dos doentes com hipertensão arterial, menos de metade estão medicados com fármacos anti hipertensores e só 11,2% estão controlados.
⦁ A Diabetes prejudica 13% da população. Diariamente são diagnosticados com diabetes em Portugal cerca de 200 novos doentes. Estima-se que a diabetes afete mais de 1 milhão de portugueses enquanto a pré-diabetes afetará cerca de 2 milhões.
⦁ As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em Portugal (29,5%)
⦁ A Osteoartrose: está entre das principais causas de incapacidade e reforma antecipada.
⦁ A sarcopenia tem uma prevalência de 6 a 22% na população geriátrica e está associada à redução da mobilidade, equilíbrio e estabilidade. Leva ainda a aumento da incidência de quedas, fraturas, perda de autonomia funcional, institucionalização, compromisso da qualidade de vida e mortalidade.
⦁ A osteoporose afete cerca de 500 mil Portugueses. Uma em cada duas mulheres e um em cada quatro homens vão sofrer uma ou mais fraturas em consequência da osteoporose. Estas fraturas têm impacto significativo na saúde e autonomia dos doentes afetados.
⦁ A Esclerose múltipla estima-se que em Portugal afete mais de mais de cinco mil Portugueses. Embora não seja fatal, é muito incapacitante, influenciando de modo significativo todos os aspetos da vida dos pacientes.
• No que diz respeito ao Cancro o SNS estima que a inatividade física é responsável por 14% dos casos de cancro da mama e 15% de cancro colorretal.
A inatividade física é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças, tais como a diabetes, a depressão, as doenças cérebro-cardiovasculares, oncológicas e respiratórias.
O custo anual desta inatividade segundo a estimativa da OMS ronda os 900 milhões de euros.
Há evidências cada vez mais robustas de que o exercício pode prevenir ou reduzir os sintomas destas doenças.
O risco de mortalidade diminui à medida que aumenta o tempo de prática de atividade física. A maior parte do efeito protetor obtém-se com 20-25 minutos por dia de atividade física moderada, valor próximo das recomendações da OMS para adultos: 150 minutos
Como já tivemos oportunidade de dizer num artigo anterior, o exercício funciona como um comprimido ou um “autêntico seguro de saúde.” A sociedade está doente e está a sofrer as consequências da inércia e de uma má gestão dos seus recursos humanos e técnicos. Há cada vez mais pessoas que sofrem de uma ou mais incapacidades e que sentem a necessidade de acompanhamento por parte de profissionais especializados de uma forma orientada, altamente individualizada e regular.
Um personal trainer é um forte aliado da saúde e, como amplamente tem sido falado, deve ser encarado como parte da solução.
Texto de Gonçalo André.