A coluna vertebral é uma estrutura de grande complexidade e de vital importância para o corpo humano.
A coluna não só permite as funções de estabilização / sustentação (nomeadamente quando o corpo se encontra em pé), como possibilita uma série de oportunidades ao nível do movimento, nomeadamente: a flexão, extensão, flexão lateral, rotação e também a combinação de alguns destes movimentos.
A região lombar devido à sua grande mobilidade e relação sinérgica com os músculos do abdomen conferem-lhe alguma vulnerabilidade e suscetibilidade a lesões quando é exposta a contextos de sobrecarga ou estímulos desajustados.
Sem pretender cair numa visão muito redutora e até equívoca de que existem músculos mais importantes do que outros, vamos tentar abordar de uma forma simples e global a mecânica da coluna de modo a que possa identificar potenciais riscos e realize escolhas mais seguras ao nível do movimento e prevenção da dor lombar.
Além dos ossos da coluna, na região lombar são sobretudo os músculos paravertebrais (3 camadas de músculos ao lado da coluna), os músculos abdominais (reto abdominal, oblíquo externo, oblíquo interno e transverso) que vão exercer a sua ação estabilizadora.
As fáscias (membranas que envolvem os músculos e outras estruturas) também poderão desempenhar um importante papel na estabilização mas entendemos que esta questão fará mais sentido ser desenvolvida por profissionais de outra área, nomeadamente da fisioterapia, no entanto não queríamos deixar de lhe passar esta informação.
Estes tecidos acima referidos, em simultâneo , conferem um “suporte global que funciona como uma forte cinta abdomino-lombar e que possibilita a estabilização dinâmica desta região, ou seja, sustentação e equilíbrio das estruturas à medida que estas se vão movimentando”.
Nesta constante função, são de especial importância o músculo multifidus (o mais profundo dos músculos anexos à coluna), o músculo transverso do abdómen (o músculo abdominal mais profundo) e a fáscia toraco-lombar, que assumem também um papel fundamental ao nível da estabilização do músculo diafragma ( que divide a cavidade torácica da cavidade abdominal) e o conjunto de músculos que fazem parte do pavimento pélvico (região inferior da cavidade abdominal).
No entanto não devemos descurar a ação de outros músculos complementares nomeadamente os glúteos e quadrado lombar, também por exemplo os músculos grande dorsal, grande peitoral e reto femoral nem do potencial de outras estruturas adjacentes como ombros e anca.
É a atuação sincronizada destes músculos que permite uma melhor distribuição das forças de pressão, diminuindo a existência de cargas excessivas a nível da coluna lombar.
Apesar de parecer sempre muito tentador quando se ouve falar de treino específico para prevenir a dor lombar, talvez faça mais sentido perceber que é o funcionamento harmonioso de toda a estrutura, a respetiva estabilidade e posterior mobilidade que poderão fazer com que sinta uma maior aptidão para os gestos do dia-a-dia, da sua profissão ou da sua do modalidade.
Bons treinos!
Adaptado do artigo da Drª Helena Fernandes, médica, especialista em Fisiatria e em Medicina desportiva .