No dia-a-dia de um praticante informal de ginásio, independentemente do objetivo, contar repetições é uma parte “religiosa” do treino. Mas será que esses parâmetros como séries/repetições serão os mais importantes para a maioria dos frequentadores dos ginásios em Portugal?
A fisiologia do exercício e a resposta adaptativa condiciona excessivamente aquilo que deveria ser uma experiência de treino de alguém que procura melhorar a sua qualidade de vida e saúde. Para entender melhor analogamente quando a maioria de nós aprende a ler e a escrever começamos pelas letras e não por frases com muitas palavras e muitas variáveis para compreender, assim deve ser o treino. A qualidade de cada repetição deveria ser o foco, só assim podemos antes demais melhorar a nossa “tolerância”, “controlo”, “como” e “quão bem”.
A excessiva importância em determinados fatores hipoteca grandemente a nossa evolução e sustentabilidade ao nível do treino. O que me interessa seguir um protocolo de ganho de massa muscular, com um determinado número de repetições e séries, se nem uma repetição consigo realizar bem e tudo o que faço é sobrecarregar estruturas que já de si estão débeis.
O exercício deve levar em conta as caraterísticas individuais e não ser controlado por regras arbitrárias associadas aos exercícios mais tradicionais de ginásio.
Este modelo de pensamento torna-se difícil de implementar quando, para além das dificuldades inerentes à realização/implementação do exercício, desenvolvemos espaços onde a diversão é o principal objetivo e vendemos isso como o paradigma do exercício físico e promotor da saúde pública.
Então no final devo ou não contar repetições? Existe todo um contínuo a percorrer e claramente a maioria dos praticantes de ginásio encontra-se numa fase “embrionária”, onde na nossa opinião, a importância deveria passar pela qualidade e não pela quantidade.
Haverá sempre contudo tempo para chegarmos a variáveis mais quantitativas se prudência e paciência houver, como tudo na vida…
Bons treinos e muita saúde.
Adaptado do manual Resistance Training Specialist.
Texto de Tiago Gago
Referências:
- Adaptado de: RTS (Resistance Training Specialist) – Tom Purvis.