Dando continuidade às análises biomecânicas, esta semana trazemos até si um exercício que tem estado muito em voga nos últimos anos, que “enche as medidas” de muitos entusiastas que chegam mesmo a considerá-lo como o melhor exercício para a coluna, estamos então a falar da “prancha frontal”.
Embora já tenhamos tido a oportunidade de informar que “o melhor exercício para” não existe, vamos tentar perceber as forças que interagem neste exercício nomeadamente nas articulações da coluna e ombro. Alertamos para o facto de que embora não sejam alvo de estudo nesta simples análise, as forças exercidas noutras articulações como a anca, joelho e tornozelo não devem ser desconsideradas numa análise mais profunda. É um exercício bastante integrado e portanto não solicita unicamente a coluna. Não queremos dizer com isto, que a prancha frontal é boa ou má… é apenas uma constatação. Portanto, o recrutamento muscular que a mesma implica e a tolerância das respetivas estruturas devem ser tidas em conta na hora de selecionar o referido exercício.
Vamos então analisar a prancha frontal:
Ao representarmos a direção da resistência (linha azul) e, posteriormente, traçarmos uma linha perpendicular até à articulação/ eixo, apuramos o comprimento do BM (a amarelo).
Como verificamos na imagem acima, avançamos com 3 eventuais cenários no mesmo exercício, onde, dependendo da direção da força e intenção do praticante obtemos uma resultante/ reativa diferente.
Na imagem 2, o peso corporal exerce uma força diretamente para baixo, e, o corpo para se manter horizontal tem que se opor a essa resistência, dando origem à reativa representada a azul.
Conforme está representado na imagem 3, no caso de exercermos uma força com os cotovelos em direção aos pés, obtemos uma reativa na direcção oposta (a azul), logo, aumentamos o BM para extensão da coluna, e portanto aumentamos o desafio para os flexores da coluna.
Na 4a imagem acontece o oposto! Ao empurrarmos os cotovelos para a frente, diminuímos o BM de momento para extensão da coluna, logo temos menos desafio para os flexores da coluna.
Ao nível da articulação do ombro, podemos constatar nas figuras 3 e 4 que” abrimos um BM” também para a articulação do ombro. Na figura 3 mais para a flexão e portanto opõem-se os extensores, na 4 para extensão desafiando mais os flexores. No entanto optámos por não aprofundar tanto esta situação para não complicar a perceção do exercício.
Aconselhamos recordar outras análises biomecânicas publicadas anteriormente para ficar com uma ideia mais abrangente sobre este tema.
Voltamos a relembrar que as nossas análises mecânicas dos exercícios mais recentes destinam-se também a praticantes e adeptos do exercício em geral e têm como objetivo ajudar a clarificar de uma forma simples, um tema bastante complexo.
Esperamos ter conseguido ajudar a conhecer um pouco melhor este exercício, a perceber se se adequa aos seus objetivos ou como pode manipular algumas variáveis de forma a tirar mais partido do mesmo.
Bons treinos!