No treino para idosos é importante que, para além de uma vocação humanista e pedagógica, haja, simultaneamente, uma abordagem direcionada para o detalhe. É importante uma avaliação neuro-músculo-articular, por parte do profissional do exercício, de forma a adequar os estímulos do treino a esta população sénior. Recomenda-se também uma consulta e respetiva autorização por parte do médico a fim de dissipar potenciais fatores de risco e delinear um programa que sirva as reais necessidades destas pessoas com necessidades particulares.
É inegável que a evolução da medicina tem vindo a proporcionar um aumento da esperança média de vida, mas, é também imperativo, que a evolução ao nível científico se traduza numa maior qualidade de vida dos mais velhos.
São cada vez mais conhecidos os amplos benefícios do exercício para a população em geral. Nos idosos não é exceção, não fosse o sedentarismo uma das principais, se não a principal ameaça a este grupo, uma vez que aumenta para o dobro a probabilidade de desenvolver inúmeras doenças. A prática de exercício físico contribui para melhorar o humor, reduzir o stress, prevenir a depressão e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancros. Segundo o Dr Miguel Rodrigues, médico urologista:- “A atividade física em geral traz benefícios a muitos níveis. Além de melhorar a resistência física e o bem-estar emocional, estimula o sistema imunitário, melhorando a resistência a células tumorais e a infeções…“
O treino orientado consegue potenciar ao máximo os benefícios do exercício físico ajustada às necessidades e capacidades de cada pessoa, obtendo-se rapidamente os melhores resultados. Até em doentes com doença avançada, se conseguem resultados extraordinários, minimizando o risco de lesões ou efeitos indesejáveis.”
Podemos então afirmar que um envelhecimento ativo e saudável é uma forma eficaz de reduzir o número de internamentos e uso de fármacos para várias patologias, por via daquilo a que apelidamos de “declínio ótimo”.
De modo a prevenir e controlar o processo degenerativo natural, recomendamos integrar a prática de exercício físico regular, o que permite atuar na reversão da perda de força e de massa muscular, potenciando até o seu aumento e, desta forma, melhorar a autonomia e respetiva qualidade de vida do idoso. A força, é uma das capacidades mais comprometidas com o envelhecimento. Esta perda ocorre devido ao declínio da massa muscular (processo chamado de sarcopenia) que, afeta a capacidade funcional e motora do indivíduo, aumentando assim o risco de lesões. Devido também à perda de equilíbrio, as quedas são um dos fatores de risco associados a esta faixa etária. “Redução do uso de bengala ou andarilho, ir à casa de banho sozinho e não depender de terceiros” são algumas das maiores incapacidades dos idosos que podem ser colmatadas com o aumento da força. Neste sentido, o treino de força é a abordagem de eleição para a manutenção da massa muscular e para a saúde de uma forma geral, prevenindo também algumas doenças comuns em idosos, como por exemplo a osteoporose. Terminamos com a seguinte citação: “Envelhecer não é juventude perdida mas um novo estágio de oportunidade e força.”
Texto de Gonçalo André