Uma hérnia discal surge quando o disco inter-vertebral (material amortecedor que está entre as vértebras) se move da sua posição habitual e pode comprimir as raízes nervosas ou outras estruturas adjacentes, originando a dor e sintomas/sinais neurológicos.
Cada raiz nervosa, enerva uma parte do corpo muito específica. Por isso, os sintomas e limitações físicas podem ser sentidos precisamente nessa zona.
Consoante a localização na coluna vertebral designamos a hérnia por hérnia discal cervical, dorsal ou torácica, e lombar.
Hérnia discal cervical
A hérnia discal cervical surge normalmente entre a 5ª e 6ª (C5C6) ou 6ª e 7ª vértebras cervicais (C6C7), comprimindo os nervos da coluna nestes segmentos.
Apresenta sintomas como: dor irradiada ao longo do braço, por vezes até à mão (braquialgia), pode também resultar em dor cervical (cervicalgia ou cervicobraquialgia). A compressão e inflamação do nervo causa espasmos e dor dos músculos do pescoço, ombro e braço, relatada como calor/ abrasamento ou pontada. Podem também estar associados outros sintomas como dores de cabeça (cefaleias), adormecimento, formigueiro, alterações da sensibilidade e fraqueza muscular do membro afetado. Em última instância pode haver perda do controle da bexiga e dos intestinos, significando uma compressão grave da medula, pelo que se deve recorrer rapidamente a um parecer médico.
Hérnia discal lombar
A hérnia discal lombar ocorre frequentemente entre a 4ª e 5ª vértebras lombares (L4L5) ou entre a 5ª vértebra lombar e 1ª vértebra do sacro (L5S1), comprimindo os nervos da coluna nestes segmentos.
O sintoma mais recorrente é a ciática, uma dor aguda irradiando pela face lateral ou posterior de uma perna até ao pé, e é causada pela pressão da hérnia discal sobre os nervos L5 ou S1. Pode ser sentida a denominada “dor de costas”. Outros sintomas são: adormecimento, formigueiro, alterações da sensibilidade e fraqueza muscular do membro afetado. Podem estar condicionados outros nervos lombares, sendo que a dor irradia pela face anterior da coxa e normalmente não ultrapassa o joelho (cruralgia).
Hérnia discal dorsal ou torácica
A hérnia discal dorsal ou torácica menos comum. Manifesta-se por alterações da sensibilidade, perda de força do tronco e membros inferiores, perturbações do padrão de marcha, e disfunção urinária ou intestinal.
Hérnia discal – diagnóstico
Embora o RX faça parte do estudo da dor das costas ou perna, a hérnia discal não se descortina neste exame uma vez que é formada por material não ósseo. O exame mais indicado para o seu diagnóstico é a Ressonância Magnética (RMN), ou em alternativa a Tomografia Axial Computorizada (TAC). Em alguns casos pode ser útil o estudo da condução nervosa e Eletromiografia (EMG).
A grande maioria das hérnias discais vai deixar de se manifestar em 6 a 12 semanas, ou seja, vai apresentar uma melhoria progressiva e espontânea até à resolução
completa dentro de 3 meses, sendo a cirurgia o último dos cenários.
Como tal, não há propriamente uma fórmula mágica e instantânea num contexto de exercício.
No entanto fortalecimento dos músculos do pescoço, das costas e abdominais não só são recomendados como podem ajudar a prevenir novos episódios. Trabalhar as estruturas adjacentes como a cintura escapular também se revela muito importante na recuperação/ melhoria da funcionalidade. Como em qualquer circunstância deve-se realizar sempre exercício fora do limite da dor, de forma progressiva e respeitando as características de cada indivíduo. Devem ser sempre evitadas excessivas forças de compressão a nível do disco inter-vertebral. Alertamos porém, para a falsa sensação de segurança em certos exercício na posição sentada e que podem acabar por exercer pressão nos discos, nomeadamente da região lombar.
Caso tenha existido um episódio de dor aguda e incapacitante (e que tenha chegado a implicar inactividade física), após o desaparecimento da dor (com o respetivo consentimento por parte do médico) e a melhoria completa da funcionalidade da coluna, deve-se insistir para que se realize uma atividade física adequada não só à hérnia discal, como às restantes características/ especificidades e ao nível de atividade prévio ao episódio.
Registe-se que 30 a 60% de todos os adultos têm protusões ou pequenas hérnias de disco que não causam qualquer dor, número este que tende a aumentar com a idade. Portanto, este é mais um indicador elucidativo de que estar ativo, nesta condição não é nada de extraordinário, e até é, como vimos, essencial.
Consciência, bom-senso, sensibilidade, conhecimento e experiência serão, no entanto, aspectos a ter em conta na altura de realizar exercício. Contar com um profissional habilitado que reúna estas características vão fazer do treino de força uma ferramenta ainda mais terapêutica.