Há cada vez mais pessoas que procuram um profissional credenciado para efetuar uma avaliação postural e tomar as decisões que permitam, por sua vez, melhorar a postura. É compreensível o cliente querer parecer mais direito, mas será que há uma postura ideal? Será que passar a ter “os ombros mais para trás” será sinónimo de uma postura mais adequada para si ou será uma postura que vai mais ao encontro da norma e de padrões que estão mais relacionados com a estética do que propriamente com a saúde?
Convém perceber que não existe uma postura ideal e que esta pode ser determinada pela própria estrutura. Por exemplo, até o seu pé e a forma como o apoia no chão ao longo do tempo, pode desencadear uma série de adaptações na sua estrutura e com isso condicionar todo o alinhamento do seu corpo e consequentemente a sua postura.
Por isso, em contexto de ginásio, no seguimento do objetivo de melhorar a postura, podem ser identificadas na avaliação postural feita pelo treinador determinadas assimetrias. Mas será que é possível, a “olho nu”, fazer um diagnóstico fidedigno? E será que por cima da pele conseguimos perceber o que está a acontecer por baixo da pele?
Será que, por exemplo, ao tentar corrigir determinados desvios nos ombros coluna ou bacia estamos a ir de encontro às principais necessidades do cliente?
Não será mais seguro trabalhar conjuntamente com um profissional de saúde com as devidas competências e habilitações e que, com recurso a exames complementares, nos ajude neste tipo de intervenção?
A mesma pessoa pode ter características diferentes entre o lado direito e o lado esquerdo. Forçar uma simetria ou um padrão mais standartizado ou esteticamente mais apelativo pode ir contra à anatomia e características individuais do aluno. É importante ter em mente que cada ser humano é fruto de uma herança genética e de todo um contexto social e até económico que podem ter influência na sua estrutura ao longo do tempo. Estamos a falar de anos, até mesmo décadas, pelo que não se conseguem nem se devem alterar essas características de um momento para o outro. Algumas dessas assimetrias, podem até mesmo ser benéficas para o conjunto de atividades quotidianas/ desportivas que o o ser humano está sujeito. Portanto, tornar-se mais simétrico não tem que, obrigatoriamente, ser sinónimo de mais saúde pois esta simetria terá que ocorrer sempre dentro dos limites, tolerância e anatomia de cada indivíduo.
Texto de Gonçalo André
Adaptado de José Afonso Neves