Postura
25 de Setembro, 2022

Postura em contexto de ginásio: Deverá ser treinada e corrigida?

Após termos escrito há umas semanas um artigo sobre escoliose e eventuais confusões no seu diagnóstico e tratamento em contexto de ginásio, esta semana escrevemos sobre postura, um tema que suscita muito interesse e cujos mitos associados também confundem as pessoas que procuram o exercício como uma estratégia para melhorar a sua saúde e bem-estar.
Na verdade são muitas as pessoas que recorrem ao ginásio para melhorar a sua postura pois sempre esteve enraizada a ideia de que a mesma é um fator essencial a saúde.
Quem no dia-a-dia nunca ouviu a expressão: “endireita as costas” com a intenção de aproximar a postura de uma dada pessoa a um alinhamento ou padrão ideal?
Daí procurarem vertentes como o “treino postural” ou determinadas aulas/ modalidades de ginásio mais direcionadas para esse objetivo.
De facto, em contexto de ginásio, existe a tentação de se fazerem certos diagnósticos e de se aplicarem determinados protocolos com intuito de aproximar as pessoas à norma e tentar alcançar uma maior simetria, ou seja:

Imagine uma linha axial que atravessa a coluna e que as curvaturas fisiológicas estão completamente garantidas (como demonstra a imagem).

Exestirá uma postura ideal?
No entanto, ao contrário do que se possa pensar, o sistema músculo-esquelético pode não estar preparado para esse “estado” e a dita simetria pode nunca vir a ser alcançada. Programar um treino com esse objetivo com base em análises visuais sem uma “visão RX”, ou seja, sem ter em conta o que está a acontecer” por baixo da pele” pode mesmo ser contraproducente e violar as regras do corpo.
A título de exemplo, provavelmente também já ouviu que alguém “precisa de alongar o peitoral e reforçar as costas para melhorar a sua postura e aliviar as dores”.
Este é apenas mais um, de muitos chavões que existem no exercício e saúde.
Tanto para a postura como noutros aspectos, tenha sempre presente que o corpo humano é complexo e funciona numa lógica individual. Só o facto de estar a manter os olhos dirigidos para o ecrã para conseguir ler este artigo já implica haverem forças a entrar no corpo.

Na opinião da PTX, antes de querer corrigir o quer que seja (não só a postura), compete ao profissional do exercício trabalhar todo o sistema, ir introduzindo gradualmente variáveis e ir criando desafios à medida do aluno, ir estimulando os tecidos de forma apropriada e dar ao cérebro recursos para que se vá alcançando um equilíbrio e uma maior consciência corporal. Compete igualmente ao profissional ir avaliando para perceber o que é mais apropriado. Se o treino for realmente ajustado, a evolução pode acontecer mas a correcção da postura poderá não ser um objetivo em si.
Apesar de o exercício oferecer amplos benefícios para a saúde questione algumas relações causa-efeito milagrosas e determinadas guidelines que encaram o corpo como se o mesmo se tratasse de modelos produzidos em série.
No que toca a diagnósticos ou episódios de dor não deixe de consultar o seu médico, para que, com os devidos exames se cheguem a conclusões mais assertadas e se tomem as devidas diligências, nomeadamente recorrer a um fisioterapeuta.


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