Os benefícios do exercício são transversais às várias faixas etárias e algumas condições crónicas. Naturalmente os idosos não são excepção e existem recomendações expressas para a prática de exercício pelas autoridades de saúde.
Hoje vamos debruçar-nos sobre o envelhecimento, nomeadamente nos benefícios da prática de exercício orientado na prevenção e tratamento das doenças.
“O envelhecimento consiste num conjunto de mudanças fisiológicas progressivas num organismo que conduzem ao declínio das funções biológicas e da capacidade do organismo de se adaptar ao stress metabólico” (Rogers, Kara , Guarente, Leonard P. and Simic, Petra. “aging”. Encyclopedia Britannica, 30 Jan. 2020).
O envelhecimento quando acompanhado de sedentarismo apresenta declínios na função muscular e na aptidão cardiorrespiratória, resultando na diminuição da capacidade de realizar atividades diárias e manter a autonomia.
Contudo, na presença de exercício e atividade física adequados, essas alterações na capacidade muscular e aeróbia, inerentes ao avançar da idade, podem ser substancialmente atenuadas.
Para além disso, “o exercício orientado e a atividade física de um modo geral desempenham papéis importantes como estratégias preventivas para muitas doenças crónicas, incluindo doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, diabetes, osteoporose e obesidade; melhoria da mobilidade, saúde mental e qualidade de vida, redução da mortalidade, entre outros benefícios.
Têm vindo a ser implementados com sucesso programas que privilegiam o exercício como estratégia de intervenção em indicadores de fragilidade no envelhecimento como: a baixa massa muscular, perda de força, mobilidade, energia e cognição, otimizando assim a respetiva capacidade funcional” .
Nestes quadros de patologias, suportado por robustas evidências ciêntificas e seguindo a doutrina de “identificar a causa do problema” é cada vez mais unânime de que o exercício é um agente terapêutico utilizado para “eliminar ou moderar a doença”.
Daí, ser defendido que o exercício deve ser prescrito com base no objetivo pretendido, nomeadamente a prevenção primária, melhoria na aptidão/ estado funcional ou tratamento da doença. Deve ser portanto uma prática individualizada, ajustada e controlada como qualquer outro tratamento médico.
Comparar o exercício a um autêntico comprimido está cada vez mais em voga pois sabe-se cada vez com maior robustez que este pode apresentar efeitos dose-resposta benéficos .
Nesta analogia do exercício ao comprimido é também interessante pensar na vantagem de que a terapia com recurso ao exercício é frequentemente “direcionada a vários sistemas fisiológicos simultaneamente, em vez de ser direcionada a um único resultado” (M. Izquierdo, R.A. Merchant, J.E. Morley, et al. International Exercise Recommendations in Older Adults (ICFSR): Expert Consensus Guidelines. J Nutr Health Aging. 2021).
Prescrever a dose deste comprimido, ou seja, o tipo ou a quantidade dos estímulos é muito mais do que uma prescrição de uma modalidade.
Obviamente não pretendemos transmitir a ideia redutora de que o exercício físico é a alternativa a todos os fármacos nem a cura para todas as doenças e disfunções mas pode ser um poderoso coadjuvante para atenuar as alterações associadas ao envelhecimento.
O trabalho multidisciplinar onde coabitam profissionais de saúde e profissionais de exercício privilegiando a comunicação entre ambos, apresenta-se cada como uma solução natural para se melhorar a assertividade, a segurança e se salvarem cada vez mais vidas.
Adaptado de:
R.A. Merchant, J.E. Morley, et al. International Exercise Recommendations in Older Adults (ICFSR): Expert Consensus Guidelines. J Nutr Health Aging. 2021)
Outras referências:
https://ordemdosmedicos.pt/wp-content/uploads/2017/09/Aceda-a%CC%80-versa%CC%83o-portuguesa-das-recomendac%CC%A7o%CC%83es-da-OMS-para-a-atividade-fi%CC%81sica-e-comportamento-sedenta%CC%81rio-aqui-.pdf
https://www.britannica.com/science/aging-life-process