Exercício Clínico
28 de Março, 2021

Os profissionais do exercício devem ser considerados profissionais de saúde: saiba os argumentos e números

O profissional de exercício ser considerado um profissional de saúde é uma ambição cada vez mais instituída no seio dos técnicos de exercício físico e que, apesar de também ter a concordância por parte de muitos profissionais de saúde, nomeadamente da comunidade médica, esta é ainda uma meta que não se sabe quando poderá ser alcançada.
Os profissionais do exercício devem ser considerados profissionais de saúde?
Os profissionais do exercício devem ser considerados profissionais de saúde?
O setor do exercício já conta com associações que visam representar os seus profissionais como:
APTEF (Associação Portuguesa de Técnicos de Exercício Físico)
APFE (Associação Portuguesa de Fisiologistas de Exercício)
UPDTEF (União Portuguesa dos Diretores Técnicos de Exercício Físico)
CNAPEF (Conselho Nacional de Associações de Profissionais de Educação Física e Desporto)
Têm-se também reunido também esforços no sentido de criar uma Ordem dos profissionais do Exercício com o intuito de regular e valorizar a profissão.
No entanto, nomeadamente com esta pandemia percebe-se que há ainda um longo caminho a percorrer. Os profissionais viram as suas atividades interditas no nosso país ao contrário do que acontece noutras zonas do globo, precisamente por esse facto: não somos considerados profissionais de saúde apesar de todos os benefícios amplamente reconhecidos que resultam da nossa profissão.
A PTX avança portanto com alguns dos motivos que deveriam motivar a mudança deste paradigma:
O Sedentarismo assola cerca de 70% da população Portuguesa que afirma” nunca ou raramente” praticou exercício. É também preocupante constatar que apenas 20% da população com mais de 15 anos cumpre as recomendações de praticar exercício pelo menos 3 vezes por semana.
Quanto à Obesidade, Portugal ocupa o 4° lugar dos países da OCDE com população mais obesa! Cerca de 67,5% da população acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. E em crianças com idades entre os 5 e os 9 anos de idade, Portugal aparece em nono lugar.
Ao nível da Hipertensão, em Portugal a sua prevalência na população adulta é cerca de 42,6%. Dos doentes com hipertensão arterial, menos de metade estão medicados com fármacos anti hipertensores e só 11,2% estão controlados.
A Diabetes prejudica 13% da população. Diariamente são diagnosticados com diabetes em Portugal cerca de 200 novos doentes. Estima-se que a diabetes afete mais de 1 milhão de portugueses enquanto a pré-diabetes afetará cerca de 2 milhões.
As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em Portugal (29,5%)
A Osteoartrose: está entre das principais causas de incapacidade e reforma antecipada.
A sarcopenia tem uma prevalência de 6 a 22% na população geriátrica e está associada à redução da mobilidade, equilíbrio e estabilidade. Leva ainda a aumento da incidência de quedas, fraturas, perda de autonomia funcional, institucionalização, compromisso da qualidade de vida e mortalidade.
A osteoporose afete cerca de 500 mil Portugueses. Uma em cada duas mulheres e um em cada quatro homens vão sofrer uma ou mais fraturas em consequência da osteoporose. Estas fraturas têm impacto significativo na saúde e autonomia dos doentes afetados.
A Esclerose múltipla estima-se que em Portugal afete mais de mais de cinco mil Portugueses. Embora não seja fatal, é muito incapacitante, influenciando de modo significativo todos os aspetos da vida dos pacientes.
No que diz respeito ao Cancro o SNS estima que a inatividade física é responsável por 14% dos casos de cancro da mama e 15% de cancro colorretal.
A inatividade física é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças, tais como a diabetes, a depressão, as doenças cérebro-cardiovasculares, oncológicas e respiratórias.
O custo anual desta inatividade segundo a estimativa da OMS ronda os 900 milhões de euros.
Há evidências cada vez mais robustas de que o exercício pode prevenir ou reduzir os sintomas destas doenças.
O risco de mortalidade diminui à medida que aumenta o tempo de prática de atividade física. A maior parte do efeito protetor obtém-se com 20-25 minutos por dia de atividade física moderada, valor próximo das recomendações da OMS para adultos: 150 minutos
Como já tivemos oportunidade de dizer num artigo anterior, o exercício funciona como um comprimido ou um “autêntico seguro de saúde.” A sociedade está doente e está a sofrer as consequências da inércia e de uma má gestão dos seus recursos humanos e técnicos. Há cada vez mais pessoas que sofrem de uma ou mais incapacidades e que sentem a necessidade de acompanhamento por parte de profissionais especializados de uma forma orientada, altamente individualizada e regular.
Um personal trainer é um forte aliado da saúde e, como amplamente tem sido falado, deve ser encarado como parte da solução.
Texto de Gonçalo André.

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