Não é em vão que quando falamos de qualidade na concretização do treino físico, por parte dos profissionais que o lideram, esta reside em parte na capacidade e qualidade de observação do treinador.
A observação naturalista dita que a observação e descrição dos comportamentos dos sujeitos seja feita no seu ambiente natural.
Contudo não basta apenas “observar”, porque podemos ver e não observar. Assim como a nossa observação pode ser distorcida pela nossa orientação para a fonte da informação, a qualidade da informação e as referências que temos disponíveis para a receber e interpretar.
Aristóteles referiu que “nós valorizamos a nossa visão acima de quase tudo”. Talvez porque a visão torna o conhecimento mais possível para nós e as diferenças entre muitas coisas.
Martin, M. citado por Mack, G. refere que “não é muito difícil concluir que, como humanos, e tudo o que isso acarreta, compreendemos a grande maioria das coisas, que consideramos verdadeiras ou factuais acima do nosso mundo externo, daquilo que recebemos dos órgãos sensoriais; olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. Qualquer compreensão da nossa realidade, e mesmo linguagem, imaginação e pensamentos, deriva das coisas que percebemos por meio dos nossos sentidos. Refletindo sobre as definições postuladas anteriormente, é claro que existem relações inerentes entre o que chamamos de ciência e a capacidade de observar e que a capacidade de observar depende da capacidade de sentir.”
Temos no entanto de sublinhar que a observação individual acaba por ser uma experiência única, mesmo que repetida ao longo do tempo, e que a experiência individual e conhecimento é diferente para diferentes observações, por isso mesmo, qualquer relatório feito sobre a observação pode ter resultados muitos diferentes e até contraditórios. Este fenómeno pode ser problemático para definir uma realidade objetiva.
Então para nos aproximarmos cada vez mais de uma solução e não de um problema a quantificação da informação numa determinada observação deverá estar presente, por outras palavras “registar uma medida”.
Este tipo de “linguagem” – uma medida, proporciona algo sobre o qual qualquer um pode concordar para que uma comunicação efetiva tenha lugar entre pares.
Mais haveria a dizer sobre a qualidade das medidas, mas gostaríamos de fazer o leitor refletir sobre como estes processos de observação e registo estão presentes, ou não, na sua atividade e de como podemos caminhar nesse sentido para justificar a nossa tomada de decisões de acordo com uma “observação palpável”.
Adaptado de “Muscle System Specialist Course – Greg Mack”.