O trabalho de ATIVACÃO MUSCULAR baseia-se na identificação de inibições musculares, que através de alguns procedimentos que irei realçar uns parágrafos mais à frente, procura melhorar a amplitude articular, recuperar a funcionalidade muscular e diminuição da dor.
As formas convencionais de terapia centram-se na tensão muscular COMO FACTOR PRINCIPAL, no que respeita a dor crónica ou patologia músculo-esquelética.
O trabalho de ativação muscular tem como base uma perspetiva algo diferente sobre o mesmo assunto, já que se entende a tensão e a dor muscular crónica como um SINTOMA. O excesso de tensão muscular é visto como um SINTOMA, em vez de ser a causa de um problema ou patologia. Esta perspetiva fundamenta-se no facto de o excesso de tensão muscular ser uma resposta de proteção do nosso sistema nervoso central a uma debilidade neuro-musculo-articular.
Quando o corpo sente debilidade ou inibição muscular, a articulação associada a este torna-se instável, na essência faz com que o(s) músculos que cruza(m) essa articulação fiquem demasiado tensos como mecanismo de PROTEÇÃO da articulação em que se verifica a tal instabilidade.
Em vez de tratar o excesso de tensão (SINTOMA), a ativação muscular tenta localizar a CAUSA (debilidade ou inibição muscular). Ao melhorar conexão entre sistema nervoso central e o músculo, haverá melhoria na sua capacidade contrátil e o corpo ganha na essência, estabilidade, mobilidade, consequentemente de uma melhor capacidade contrátil da musculatura inibida. Curiosamente todo este procedimento contribui para uma diminuição da dor e provavelmente diminuição dos patamares inflamatórios.
2. O QUE SE PODE ESPERAR DE UMA SESSÃO DE ATIVAÇÃO MUSCULAR
A primeira sessão terá como objetivo avaliar a mobilidade articular e capacidade contrátil, de forma a perceber se existem diferenças significativas na amplitude articular e na capacidade de gerar força. Observamos e avaliamos todas as posições articulares que essa articulação tem disponível, assim como todos os planos e eixos articulares.
Depois de identificar os músculos com mais debilidade e as diferenças mais significativas na amplitude articular, o objetivo seguinte será restabelecer a conectividade, entre o sistema nervoso central (SNC) e determinados músculos, da qual foi observado inibição muscular, através de técnicas de contração isométrica de baixa intensidade.
3. A INIBIÇÃO MUSCULAR E AS SUAS CAUSAS
A inibição muscular é o resultado de uma comunicação inadequada entre o cérebro e o músculo, isto é, as capacidades contráteis são alteradas, diminuindo a sua eficácia e eficiência funcional. Obviamente a perda significativa da capacidade contrátil terá consequências negativas para o nosso corpo, pois o nosso sistema muscular têm como funções: proteger as articulações, gerar força nas alavancas ósseas e controlar o movimento.
A inibição muscular é uma resposta neurológica que se manifesta especialmente nos extremos da amplitude contrátil, e mais especialmente quanto o músculo se encontra numa posição de máxima relativa de encurtamento. Um músculo inibido pode ter capacidade contrátil em posições articulares intermédias, no entanto, devido a princípios da nossa fisiologia os nossos músculos numa posição de encurtamento diminuem a capacidade de contrair.
As causas que promovem a inibição muscular são: o stress (trauma),o excesso de uso e a falta de uso. No stress e o excesso de trabalho o músculo não recupera do estimulo sucessivo, por exemplo estar diariamente a realizar o mesmo gesto ou movimento durante horas ou a falta de uso estar sentado na mesma posição diante de um computador durante horas. Um stress traumático como por exemplo um sinistro de automóvel onde os músculos do pescoço tem de travar o impacto do embate, e se movem rapidamente ao longo do ROM-amplitude de movimento, de forma a proteger a estrutura da coluna cervical alguns músculos do pescoço podem aumentar a sua tensão para tentar proteger a cervical da instabilidade causada.
4. O OBJETIVO DA ATIVAÇÃO MUSCULAR
Mediante a melhoria da conectividade da relação SNC e músculo, procura que o processo de reajuste neuro muscular melhore a sua entrada propriocetiva e envie sinais aferentes ao SNC, diminuindo a debilidade e melhorando a disponibilidade contrátil.
Para conseguir que o leitor tenha um melhor entendimento de como se pode reajustar a conectividade, entre o sistema nervoso central e o sistema muscular será necessário explicar como é que as contrações isométricas de baixa intensidade, conseguem recuperar uma ótima entrada neurológica.
Quando um músculo se encontra inibido, perde a capacidade para garantir uma adequada entrada neurológica destinada ao sistema nervoso. Para podermos explicar isto, de uma forma mais técnica, os motoneurónios gama (dedicadas a
comunicação neurológica com o músculo; diferentes dos motoneurónios alfa) são inibidos. A ativação dos motoneurónios gama regulada pelo sistema sensorial aferente (feedback aferente) a partir do fuso neuromuscular (calibrador de tensão) dentro do próprio músculo.
Localizando o músculo ou “feixes” deste (a máxima possível) numa posição de encurtamento da sua amplitude contrátil e mantendo a contração com uma intensidade pequena par um período de cerca de 5-6 segundos, haverá um incremento da comunicação proveniente dos referidos recetores sensoriais. Por sua vez, estes enviam mensagens aferentes (ate ao sistema nervoso proveniente dos recetores sensoriais do corpo humano (fuso neuromuscular) ao sistema nervoso avisando a dita conectividade muscular e dando informação do tipo “Ei, recordas-te de mim ! ! ! “.
Um músculo lesionado ou inibido vê diminuído o feedback proveniente do fuso neuromuscular (diminuição da conectividade dos motoneurónios gama).
0 objetivo deste tipo de contrações isométricas é incrementar a sensibilidade do fuso neuromuscular para poder otimizar a capacidade de contração através de todo o ROM. Este tipo de contrações isométricas estimula o sistema nervoso de forma a recorda-lo do circuito original que deveria existir.
Caso se faça de forma correta, o resultado será um incremento das capacidades contracteis do músculo e, portanto, um aumento da estabilidade articular em mais zonas da amplitude do movimento, o que provocará, por sua vez, que se envie uma resposta de inibição para a musculatura oposta, dizendo-lhe que os músculos agonistas estão com capacidade para controlar a articulação, e portanto, incrementando a mobilidade e diminuindo a tensão muscular.
As Técnicas de Ativação Muscular são um avanço muito importante na forma de entender a contração muscular, a estabilidade e a importância do sistema nervoso central na comunicação cérebro-sistema muscular. Decididamente promove uma melhor qualidade de vida, permite que a pessoa se movimente melhor e sem dor.
Nelson Lima
Personal Trainer
Technics Specialist Muscle Activation