Durante muito tempo, perpetuou-se a ideia de que se um atleta quer ganhar velocidade deve realizar os exercícios e as respetivas repetições/ séries de forma rápida ou explosiva. Grosso modo, se treinasse no ginásio de forma rápida, esse atleta iria ser mais rápido, potente ou explosivo no campo. Se treinasse de forma lenta e controlada, iria ser mais lento.
Será? Existem cada vez mais evidências que não devemos pensar assim. Para sabermos a resposta devemos ter em conta a segunda lei de Newton: “A força que age sobre um corpo é igual ao produto da massa pela sua aceleração (expressa pela equação F= m.a). Logo: “quanto mais fortes são os músculos, mais capacidade têm para produzir força quando se contraem e mais rapidamente poderão acelerar o corpo ou um objecto que estejam a empurrar ou a exercer tracção.”
Por exemplo, se a máxima carga que conseguimos realizar num agachamento é 100kg é natural que com essa carga não consigamos executá-lo muitas vezes por minuto ou de forma muito rápida. Mas, se num dado momento, após um processo de treino já conseguirmos a realizar este exercício com 200 kg, quando formos realizar o agachamento novamente com 100 kg, iremos conseguir fazê-lo mais vezes por minuto e de forma mais rápida. Independentemente de esta força poder ter sido adquirida com repetições mais rápidas, lentas ou até com isométricos (contracções sem movimento).
Portanto, se um futebolista pretende rematar ou se um tenista quer executar direitas com a máxima velocidade ou potência possível, deverão treinar os diversos músculos solicitados nesses gestos técnicos (mediante uma análise biomecânica dos movimentos) no ginásio de forma a ganhar força e eficiência. Paralelamente deverão treinar no campo os gestos com a técnica e a velocidade pretendida.
Iremos desenvolver este tema noutros artigos mas avançamos que há cada vez mais adeptos do treino nas máquinas de musculação com recurso a repetições lentas por conferirem ganhos de força e velocidade com uma melhor relação risco-benefício a nível articular para o praticante do que o treino mais conotado com a potencia/ explosão e muitas designado de forma questionável como “treino especifico para ganhar velocidade”.
Texto de Gonçalo André
Adaptado de Resistence Institute Biomechanics and Research