Esta semana trazemos um artigo sobre a flexão do cotovelo e as lesões que poderão estar associadas quando os praticantes pretendem trabalhar a musculatura responsável por este movimento.
O objetivo deste artigo é dotar o leitor/praticante de fitness de uma maior capacidade crítica na hora do treino. Para treinar de forma saudável, evitando o risco de lesões é necessário conhecer o seu próprio corpo e desafiá-lo dentro dos seus limites.
Quando decidimos desafiar a musculatura flexora do cotovelo (o que habitualmente denominamos de bíceps) é importante perceber o impacto que a escolha do material a utilizar vai ter nas nossas articulações, porque não é igual fazer o movimento com uma barra reta, uma barra w ou com halteres, por exemplo. Para perceber melhor a ideia, experimente colocar-se de frente para um espelho com as palmas das mãos viradas para a frente, irá reparar que o seu braço não está totalmente alinhado com o seu antebraço. Esse ângulo denomina-se ângulo de carregamento e é importante perceber que ele existe para o exercício poder ser adequado à sua anatomia. Dependendo dos graus de desvio medial (para dentro) e desvio lateral (para fora) do antebraço, podemos classificar esse ângulo por: cubitus varus, normal e cubitus valgus.
Vamos assumir como exemplo um “ângulo normal” com um ligeiro desvio lateral. Se reparar na imagem abaixo, quando executamos uma flexão do cotovelo o antebraço move-se em direcção ao centro do seu corpo e esse é o movimento natural para as nossas articulações. Se queremos prevenir lesões durante o exercício, a prioridade deve estar em manter as funções das nossas estruturas intactas. Isto é treino verdadeiramente funcional!
Repare agora no seguinte exemplo de flexão do cotovelo com barra reta. Depois do que leu até aqui, parece-lhe que este exercício é funcional para o seu cotovelo? A barra reta restringe o movimento natural do cotovelo, forçando-o a uma posição que não é natural e quanto mais próximas estiverem as mãos mais acentuada será essa discrepância. Não se engane, nem sempre as consequências deste tipo de más opções manifestam-se a curto prazo, as tendinites e epicondilites podem surgir depois de meses ou até anos de muita inconsciência no treino.
No exercício que vemos a seguir temos uma flexão do cotovelo com barra w. Esta barra apresenta vantagens em relação à barra reta, desde logo pela posição dos punhos que é um pouco mais neutra que na barra reta, causando menos desconforto nos mesmos. Mas voltando a falar do cotovelo, podemos reparar que o desvio que a barra reta provocava é menor com a barra w, tornando esta última numa melhor opção.
Aquela que poderá ser a melhor opção e seguramente será melhor que as anteriores, será fazer o exercício bíceps curl com halteres ou até mesmo com cabos. Tanto num caso como no outro a liberdade de movimento que os materiais permitem, faz com que os limites articulares não sejam “agredidos” e possa desafiar eficazmente a musculatura pretendida.
A mensagem que deve reter é que não vale tudo para chegar a um objetivo, antes de querer melhorar o que seja tem de preservar o que tem disponível. Esta é a forma como encaramos o exercício na PTX!
Nota: As recomendações presentes neste artigo não dispensam a avaliação por parte de um profissional do exercício físico antes de as pensar em pôr em prática.
Bons treinos!
Texto de Flávio Faísca