Entrevista ao Dr. Daniel Leal à PTX. O especialista em medicina interna e medicina funcional fala sobre a sua experiência profissional nos Estados Unidos, sobre a importância do exercício físico e deixa também alguns conselhos para melhorar a saúde dos leitores do nosso blog.
Quais os principais problemas de saúde dos pacientes que o procuram?
“As pessoas procuram-me por diversos problemas de saúde, mas diria que a maioria sente que algo está errado com o funcionamento do seu corpo e ainda não encontrou as respostas necessárias para dar a volta à situação. Incluem-se neste grupo pessoas com problemas autoimunes, excesso de peso e obesidade, síndromes de dor crónica, problemas gastrointestinais, entre outros.”
Considera que o exercício físico orientado por um profissional poderia ser importante nesses casos?
“Sim. O exercício físico e uma alimentação equilibrada são as pedras basilares de uma vida saudável. Cada paciente é um caso único e específico, sendo que o plano de treinos deve ser delineado e acompanhado, com rigor, por um profissional especializado. No entanto, todos nós devemos procurar ter estilos de vida mais activos e combater o sedentarismo que nos tira saúde. O treino com um profissional especializado é óptimo, mas não retira a necessidade de nos mexermos nas outras 23 horas do dia (menos as horas do tão importante sono).”
Quais são as patologias em que o exercício físico pode ter um papel determinante para a melhoria da saúde?
“Para todos os pacientes com excesso de peso, o exercício físico aliado à alimentação, tem um papel determinante. Contudo, a investigação cientifica tem provado que os benefícios do exercício são transversais a uma vasta gama de patologias, desde doenças autoimunes, cancro, demência, doença cardiovascular, diabetes, entre muitas outras.”
Como profissional de saúde como vê o crescimento do número de ginásios e o aumento do número de praticantes de ativide física (vantagens e riscos) ?
“Penso que o despontar da cultura do fitness é positivo para a nossa sociedade com tendências sedentárias. É óptimo que as pessoas tenham acesso a mais ginásios e diferentes formas de praticar exercício, seja sozinho ou acompanhado. Gostava de sublinhar, apenas, o risco inerente à prática de certas modalidades que podem potenciar o aparecimento de lesões. Creio que todo o exercício é positivo, mas deve haver um processo de treino sequencial, com acompanhamento próximo e reavaliações frequentes.”
Como analisa a comunicação ou a “ponte” entre o profissional de saúde e o profissional do exercício físico no acompanhamento dos pacientes que necessitam de atividade física orientada?
“É fundamental uma comunicação próxima entre os diversos profissionais envolvidos no projecto comum de melhorar a saúde de um determinado paciente. Como médico, não disponho de conhecimentos suficientes na área do exercício físico para o poder prescrever de forma responsável. Assim sendo, conto com a ajuda dos profissionais da área para que se possa implementar um programa adequado aos objectivos do paciente e à minha avaliação clínica.”
Trabalhou vários anos nos Estados Unidos. Que práticas ou procedimentos viu implementados durante essa experiência que pudessem ajudar os profissionais do exercício a trabalhar de forma mais segura e eficaz aqui em Portugal?
“Nos Estados Unidos, tem emergido o conceito de health coach, que considero ser um desenvolvimento bastante interessante na área da saúde. Basicamente, um health coach é alguém que trabalha directamente com o paciente e os diversos profissionais que o acompanham, assegurando que o plano terapêutico é seguido à risca. Este profissional tem uma relação mais próxima com o paciente, evitando que este, muitas vezes, se sinta perdido e desacompanhado. Sei que minha resposta não tem a ver, exclusivamente, com a vertente do exercício, mas foi algo que me impressionou, de forma positiva, durante a minha estadia nos Estados Unidos.”