A mudança de comportamentos não é uma tarefa fácil, especialmente quando somos constantemente influenciados para isso – seja ao nível da prática de exercício físico, alimentação regrada ou mesmo relativo ao estilo de vida em geral.
Provavelmente, parte do sucesso para que isso aconteça depende do nosso conhecimento de entender como isso se processa. Esse processo irá eventualmente suportar essas alterações necessárias e dotá-lo(a) de algumas características para esse fim: autonomia, autossuficiência e competência.
A realidade parece apontar para o facto de que quando decidimos começar algo novo isso implica abrir mão de outra coisa. A aversão à perda é um viés cognitivo que se baseia na ideia de que a dor de perder algo é duplamente mais poderoso que o prazer (benefício) de ganhar algo.
A força de vontade também costuma não ser eficaz, torna-se numa luta interior, envolvermo-nos em comportamentos específicos que originam uma resposta de culpa, ansiedade ou stress, quando não se consegue concretizar o que estabelecemos como prioritário.
Inversamente, os comportamentos autónomos, que tem origem numa motivação interna, parecem ser acompanhados por uma experiência afetiva mais agradável, onde os sentimentos de interesse, prazer e curiosidade vigoram.
Parece mesmo haver evidência que os comportamentos motivados de forma autónoma são mais bem-sucedidos do que os esforços motivados pela força de vontade, quando se trata de atitudes perante objetivos relacionados com a nossa composição corporal, tabagismo, entre outros tipos de situações.
É sobre este cenário que lançamos algumas questões que podem ser importantes a cerca dos factos supramencionados, nomeadamente no contexto do exercício físico que é um tema sempre presente nestas discussões!
– Que regime de treino o irá manter altamente envolvido?
– Como irá o seu entorno cultivar e fomentar a motivação intrínseca, que parece ser mais eficiente?
Paralelamente a este questionamento pessoal, para que se façam as escolhas certas, poderemos considerar a importância que alguns aplicativos representam no suporte à sua tomada de decisão e que possam acrescentar valor intrínseco.
Bons treinos.
Referências:
- Kahneman, D., & Tversky, A. 1979. Prospect theory: An analysis of decision under risk. Econometrica, 47 (2), 263–91.
- Ludwig, V.U., Brown, K.W., & Brewer, J.A. 2020. Self-regulation without force: Can awareness leverage reward to drive behavior change? Perspectives on Psychological Science, 15 (6), 1382–99.
- Ryan, R.M., & Deci, E.L. 2017. Self-Determination Theory: Basic Psychological Needs in Motivation, Development, and Wellness. New York: Guilford Press.
- Wu, X., Guo, X., & Zhang, Z. 2019. The efficacy of mobile phone apps for lifestyle modification in diabetes: Systematic review and meta-analysis. JMIR mHealth and uHealth, 7 (1), e12297.