Após termos escrito sobre a avaliação postural em contexto de ginásio, questionando a fiabilidade da informação que se consegue reunir a “olho nú”, desta vez, incidimos sobre a credibilidade de determinados testes de avaliação física também em contexto de ginásio.
De facto, temos que começar de alguma forma e já é de louvar não se iniciar um processo de treino de forma indiscriminada ou aleatória. Mas será que aplicar os mesmos testes para todos servem o aluno da melhor forma? Ou será que até nos testes de avaliação física devemos individualizar e analisar caso a caso? Na PTX defendemos que sim e que esta deve ser uma prática para que se reduzam os riscos na intervenção de um profissional de exercício.
Será que realizar um “X” número flexões num determinado período de tempo nos indica o grau de força dos membros superiores de um aluno? Sendo um exercício tão complexo e integrado, mesmo com as devidas adaptações, será adequado para o nível de força e consciência corporal de um iniciante?
O mesmo se aplica no teste para os abdominais. Será que o exercício, conhecido com a nomenclatura de “abdominal crunch” se adequa a todas as pessoas? Será que um idoso tem a mesma aptidão que um jovem ao nível da coluna para o realizar? E, mesmo no caso dos jovens, será que todos têm uma mobilidade que lhes permitam realizar o teste sem comprometer a sua estrutura? Isto, para não falar de algumas variantes deste exercício (conhecido como “sit up”) realizadas com uma amplitude extrema que acabam por exigir mais dos flexores da coxa do que propriamente da musculatura abdominal e que constam das provas de admissão para algumas organizações.
Temos também o caso do famoso “sit and reach”. Apesar de, normalmente, ter o objetivo de avaliar a mobilidade dos membros inferiores, nomeadamente ao nível da parte posterior, ao ser um teste muitíssimo abrangente, acaba por refletir-se na zona posterior de toda a cadeia. Por isso, encontrar uma relação causa-efeito, pode ser, no mínimo, uma abordagem simplista e redutora. Não é por um dado cliente alcançar uma distância mais curta (ver a imagem de destaque), que isso significará uma reduzida mobilidade ou encurtamento dos isquiotibiais. Esta situação pode apenas dever-se à desproporção dos seus membros, sendo mais uma característica sua do que propriamente um défice ou imperfeição.
Estes são apenas alguns exemplos que nos indicam que devemos ter a consciência que cada aluno tem características únicas e individuais. Avaliá-lo de acordo com o principio da individualidade anatómica é uma das fórmulas do nosso sucesso. Felizmente, temos tido a oportunidade de consolidar o nosso processo de avaliação, assimilando a informação transmitida pelos mais brilhantes formadores ao nível nacional e internacional. O Modelo Operacional de Tomada de Decisão – “Fazer Sentir” da EXS é, atualmente, um dos pilares da nossa forma de avaliar e atuar.
Texto de Gonçalo André