Muitas vezes quando falamos em exercício físico pensamos em adaptações fisiológicas resultantes do estímulo que aplicamos, na forma de linguagem comum, como resultados/objetivos.
Consequência dessa visão criamos uma dicotomia entre o treino aeróbio, vulgo “cárdio”, e o treino de resistência, vulgo musculação, onde as adaptações fisiológicas são distintas. Isto faz-nos polarizar o nosso raciocínio, ora mais na otimização do processo oxidativo ora no processo hipertrófico.
Mas será que podemos, através da alteração de algumas variáveis, modificar esse padrão tradicional?
Aparentemente sim. Parece que tanto o treino aeróbio como o treino com resistência podem proporcionar as mesmas adaptações. E na nossa perspetiva o mais interessante são as adaptações que potencialmente podemos alcançar com o treino com resistência.
Ao realizarmos treino com resistência de baixa intensidade e com um volume alto (tempo sobre tensão) conseguimos adaptações como o aumento da densidade capilar. Este facto deve-se em grande parte por criarmos perturbações metabólicas significativas (isquemia e hipoxia do músculo esquelético), pelo aumento do tempo sobre tensão (refere-se ao tempo total que um músculo ou grupo muscular está sob tensão durante a execução de um exercício específico) que sinalizam a angiogénese e biogénese mitocondrial.
Por outra palavras, o estímulo imposto pelo treino de força/musculação reflete as formas tradicionais do treino de cárdio e as adaptações específicas a esse mesmo estímulo podem ser semelhantes entre modalidades. Para alcançarmos esses resultados a literatura aponta que para alto tempo sobre tensão a realização do exercício, de forma tradicional, de forma lenta e “dropsets” são estratégias eficazes.
Adicionalmente, sabemos que o espectro de hipertrofia pode atualmente variar entre baixas repetições e alta intensidade e altas repetições e baixa intensidade, o que nos proporciona uma panóplia de estratégias diferenciadas das que tradicionalmente utilizamos na maioria das abordagens ao exercício.
Contudo, estas indicações carecem de mais estudos para se perceber de forma mais clara as implicações acima mencionadas.
Bons treinos.
Referências: