Este último ano mudou a perspetiva, de grande parte de nós, sobre aquilo que é realmente mais importante para no final vivermos uma vida com saúde, plena e feliz. Sentimos a falta dos afetos, do contacto social, de irmos jantar com os nossos amigos ou familiares ou mesmo de podermos planear uma viagem.
E a par desse défice uma maior consciencialização para uma vida ativa e melhores escolhas que possam impactar o nosso bem-estar.
Na parte que se refere ao movimento, já vimos em artigos anteriores – essencial para a nossa sobrevivência, fomos confrontados com uma série de pessoas, ainda assim uma amostra insignificante, mas que sentiram “na pele” estes meses de inatividade e as repercussões que isso teve na sua saúde em geral.
Essa consciencialização é o mote para mais uma vez entendermos o exercício físico como um recurso, que usado de forma inteligente, é o nosso maior ativo para estendermos temporalmente o nosso declínio biológico. E entendeu bem… desde muito cedo iniciamos esse processo, na maior parte das vezes passamos mais anos nessa fase que propriamente em desenvolvimento biológico.
Existem inúmeros recursos à nossa disposição para expandirmos a nossa vida, na maioria dos quais relacionados com a intervenção clínica (intervenções médicas, medicamentos, cirurgias, próteses biológicas/mecânicas, etc.).
Mas o exercício físico deveria ser o número um nesse objetivo, pelo seu carácter profilático como intervenção primária.
Para isso temos de avançar em termos de educação física, SIM aquela que educa para o físico!
Em outros artigos, e aqui já no âmbito do profissional do exercício físico, já abordamos os conceitos de “performance externa” e “performance interna” (RTS™ – Tom Purvis) e de como o bom funcionamento do nosso sistema muscular e sistema de controlo é algo que envolve alguma estratégia e tomada de decisões para que nós, profissionais do exercício físico, estejamos à altura das responsabilidades que bradamos.
Porque se assim não for “não passaremos da cepa torta”, onde construímos corpos “esteticamente bonitos”, mas destruídos por dentro.
No final nada mais será que uma melhor ponderação das necessidades e tempo para as concretizar sem que o risco se sobreponha à recompensa.
Todos nós, profissionais do exercício, independentemente das ferramentas que temos ao dispor podemos alavancar a nossa posição numa sociedade que está a perceber o que é a falta de saúde.
Pensemos primeiro nas pessoas e depois nos resultados, nas nossas articulações e depois na definição muscular, no estado dos nossos materiais (entenda-se ossos, músculos, ligamentos, tendões, etc.) e depois no “mais rápido, mais alto, mais forte”. Porque todos partilhamos o mesmo corpo, sejamos atletas ou não.
Resta-nos converter as nossas ameaças em oportunidades para que um dia possamos sonhar em fazer parte da rede do sistema de saúde onde a nossa intervenção possa ser reconhecida, não só pelos restantes intervenientes sobre a saúde mas principalmente pela nossa sociedade em geral.
Bons treinos.