Hoje propomo-nos a falar sobre postura por ser uma temática envolta em muitos dogmas e crenças, na maioria das vezes infundados, e que talvez merecessem uma maior reflexão por parte de todos nós (profissionais do exercício físico).
É preciso entender que a nossa postura é uma construção social e cultural, influenciada por diversos fatores. Muitas das análises feitas resultam de sistemas de conhecimento pouco desafiados dos quais os sujeitos muitas vezes estão emocionalmente ligados.
Esta, em diversos casos, é avaliada tendo por comparação uma “posição neutra” que achamos ser a solução de vários problemas, talvez uma ideia mágica. Referimo-nos muitas vezes à posição neutra como algo que possa ser replicado por todos; que é uma posição mais segura, do ponto vista do exercício; que diminui a prevalência da dor, etc. Mas será mesmo assim?
Chegamos até por vezes a conclusões tão simples que cremos que a nossa postura é má porque alguns tecidos musculares estão encurtados e outros alongados, é imperativo não cairmos neste tipo de falácias. Em último caso, se quiséssemos eventualmente começar por perceber se existe alguma limitação desta ordem, tínhamos de perceber a amplitude de movimento específica de cada articulação envolvida para sequer ponderar se potencialmente tínhamos alguma limitação dessa ordem.
Assim é preciso entender que a nossa postura é uma construção social e cultural e é influenciada por diversos fatores, como por exemplo: a nossa estrutura, estado emocional, idade, fadiga, dor, hábito, etc.
Outra ideia errada, que está enraizada, é que uma “má postura” é sinónimo de dor, isto não passa novamente de uma opinião teorizada e muito subjetiva.
Postura significa simplesmente posição e arriscamo-nos a dizer que é muito variável, tal como as nossas impressões digitais. É variável e específica para a atividade que estamos a realizar, se estamos sentados ao computador é diferente se estivermos a correr.
Finalizando temos de deixar de nos iludir apenas por aquilo que observamos, devemos eventualmente, enquanto profissionais do exercício, perceber a disponibilidade de mobilidade articular, perceber os seus limites e trabalhar para melhorar a nossa performance interna e a capacidade de desenvolver tensão muscular com domínio e controlo.
Continuação de bons treinos.
Texto de Tiago Gago
Adaptado:
– Manual RTS Mastery;
– https://www.larsavemarie.com/;
– http://www.greglehman.ca