João Lapa, Preparador/Recuperador Físico! Natural de Tavira, com licenciatura em Educação Física, pós-graduado em Exercício, Nutrição e Saúde, Mestrado profissional em desportos de alto rendimento (FCB). Recentemente fez formação na EXS Exercise School em Portugal, e Neuromecânica lab em Madrid. Actualmente está a frequentar o curso on-line da BarcaHub em load Management in Soccer!
1- No que consiste ser um “Recuperador Físico”? Como é o dia-a-dia de um profissional como o João num clube de futebol?
3 – Antes de se dedicar ao mundo do futebol, o João teve um percurso sólido na vertente do exercício e saúde, nomeadamente no tratamento e prevenção da obesidade. O que o levou a optar pelo mundo do treino de alto rendimento?
“Enquanto tirava a pós-graduação surgiu a possibilidade de trabalhar num projeto com crianças obesas que muito me enriqueceu e onde fiquei até terminar o curso e ir trabalhar para outra cidade. Foi uma realidade e uma experiência muito diferente!
Eu costumo dizer que não fui que optei pelo alto rendimento mas sim o alto rendimento que optou por mim!! Desde muito jovem que sempre fui muito competitivo e viciado em Desporto (ainda hoje sou). Fui velejador federado desde dos 13 anos até aos 20 onde cheguei a vencer algumas competições ( e participar num mundial em Barcelona), mas depois com a faculdade em Lisboa e o barco em Tavira deixei de conseguir conciliar e acabei por deixar. Mas querer ser melhor e estar entre os melhores fez-me crescer a paixão e o estudo pelo treino.”
4 – Considera que essas experiências lhe trouxeram conhecimento e contribuíram para o sucesso que está a ter neste momento como Recuperador Físico?
“Tenho a certeza que todas as experiências profissionais que tive me deram sempre ferramentas diferentes para usar no meu dia-a-dia. Em todo o lado e com toda a gente se aprende. Todas as pessoas tem alguma coisa para nos ensinar. Mesmo que as vezes não seja tão específico da nossa área, só temos e de estar atentos e abertos para aceitar.”
5 – Antes de se dedicar em exclusivo ao futebol, também foi preparador físico no ténis. Acha que essa experiência também o ajudou a ser o profissional que é hoje no mundo do “desporto rei”? Quais as principais diferenças e semelhanças na preparação física destas modalidades?
“Uma das melhores coisas que me possa ter ocorrido na carreira foi ter trabalhado no ténis! Ainda não tinha terminado a licenciatura e já estava a trabalhar como Preparador Físico na escola de Ténis do Nuno Café! Tive a sorte de ter sido convidado pelo Nuno para trabalhar a parte física dos atletas do grupo da competição. Aí comecei a aprender e a desenvolver a capacidade criativa para inventar exercícios que os jogadores gostassem e ao mesmo tempo potenciassem as suas capacidades! Os miúdos gostam é de jogar ténis, ninguém gosta de treinar físico!
A verdade é que são modalidades muito diferentes mas têm componentes muito parecidas como ações muitos explosivas, muitas mudanças de direção, acelerações e desacelerações.
Eu gostava mais de poder usar a palavra potenciador de jogadores/atletas do que somente preparador físico! Quando trabalho com jogadores não preparamos físicos preparamos pessoas/jogadores/atletas! Apesar de nunca ter sido jogador profissional sempre joguei muito futebol e acho importante que se conheça a modalidade mas não considero válida a ideia que só pode trabalhar no futebol quem jogou! Parece-me muito redutor essa ideia! Não é por uma pessoa trabalhar muitos anos num hospital que vira médica! Acho que não devem haver fundamentalismos mas sim privilegiar a competência!”
6 – O João está atualmente no Wolverhampton, clube que está a fazer uma brilhante temporada na 1a liga Inglesa. Gostaria de fazer um balanço da sua passagem por Inglaterra?
“Este é o segundo ano que estou em Inglaterra e estou a gostar muito principalmente pela experiência profissional! Wolverhampton não é de todo a cidade mais atraente do mundo mas o projeto é muito estimulante! Quanto a época, até agora está a correr muito bem e deve-se também ao trabalho que já tínhamos desenvolvido na época passada no Championship.”
7 – O Wolves tem sido muito falado não só pelos resultados desportivos e consequente aumento da sua expressão no futebol inglês como também pelo baixo índice de lesões registado pelos seus jogadores. Quer desvendar um pouco sobre o segredo deste desempenho?
“O grande segredo é o trabalho de equipa ( treinadores, preparadores, psicólogos, fisioterapeutas e médicos) e o facto de os jogadores acreditarem nas nossas propostas de trabalho! Se não houver esta simbiose tudo se torna mais difícil. Se a comunicação falhar perde-se informações que podem ser cruciais No que me diz respeito o compromisso criado com os jogadores para o trabalho de força, avaliações e “ajustes” diários tem sido uma peça chave em todo o processo!”
8 – Quais foram as grandes diferenças de trabalhar em Inglaterra e em Portugal?
“A exigências das competições são muito maiores em Inglaterra! O Championship foi uma prova muito dura!! Não para!!!! Mas também ninguém se queixa de jogar duas vezes por semana o ano inteiro! É outra mentalidade! Os adeptos são incríveis! Todos os jogos os estadios estão cheios na Premier e no Championship!
Os ordenados estão sempre em dia (também é importante! risos)”
9 – Que conselhos gostaria de deixar a todos os profissionais que aspiram chegar ao mundo do alto rendimento no desporto?
“Houve alguém que disse que a sorte é resultado da preparação e da oportunidade! Como a oportunidade não dependia de mim, a única coisa que eu podia fazer era preparar me o melhor que pudesse para que no dia que a oportunidade surgisse eu poder agarrá-la! Foi isso que fiz.
Outro fator é nunca deixarem de investir! A formação e o crescimento não têm limites.”
“Fight and Win! “