A perda de peso é bem mais complexa do que podemos inicialmente pensar, a obesidade é uma doença com diferentes causas e fatores subjacentes
A simplificação do tema parece induzir apenas a responsabilização ao próprio indivíduo. E porque alguns de nós não são confrontados com essa realidade dificilmente compreendemos a dureza da própria “batalha”.
Não podemos apenas pensar aritmeticamente no problema da obesidade, como se a redução daquilo que comemos fosse a solução juntamente com maiores índices de atividade física.
Parecem existir diferentes causas para essa situação, que podem incluir uma ou a combinação de vários fatores, sejam eles psicológicos, emocionais e físicos.
Foquemo-nos em causas que podermos começar, desde logo, a melhora sem grandes recursos:
– O sono há muito que se relaciona intimamente com os ganhos de peso. Pessoas com maus hábitos de sono, que sofrem constantes disrupções dos ciclos normais de sono, parecem estar mais expostas ao ganho de peso;
– Uma má gestão das situações de stress conduz-nos ao mesmo efeito, tanto porque desregula também o sono como aumenta o apetite e reduz a motivação para uma maior realização de atividade física;
– E claro os hábitos nutricionais e de prática de atividade física são também partes importantes nesta equação (mas esses não analisaremos neste texto por serem já muito salientados).
A par destas causas, também outras merecem a nossa atenção mas que pensamos serem mais sistémicas e difíceis de resolver. Entre as quais os estratos socioeconómicos e mesmo causas de ordem psicológica – a forma como fomos ensinados a lidar com a comida (ex: “come tudo, não deixes nada no prato”).
No fundo, será importante criar empatia com todos esses clientes para remover alguns dos estigmas inerentes a essa condição e construir a partir daí uma relação positiva que permita, em conjunto com outros profissionais de saúde, desenvolver esforços para melhorar a situação.
Referências:
– Dulloo, A.G., Miles-Chan, J.L., & Schutz, Y. 2018. Collateral fattening in body composition autoregulation: Its determinants and significance for obesity predisposition. European Journal of Clinical Nutrition, 72 (5), 657–64.
– Geiker, N.R.W., et al. 2018. Does stress influence sleep patterns, food intake, weight gain, abdominal obesity and weight loss interventions and vice versa? Obesity Reviews, 19 (1), 81–97.
– Sun, M., et al. 2018. Meta-analysis on shift work and risks of specific obesity types.Obesity Reviews, 19 (1), 28–40.
– Volaco, A., et al. 2018. Socioeconomic status: The missing link between obesity and diabetes mellitus? Current Diabetes Reviews, 14 (4), 321–26