Atualmente a comunidade dos profissionais do exercício está mais sensibilizada e tem-se dedicado a perceber cada vez mais a importância da individualidade na prescrição do exercício.
Hoje é mais fácil entender que 2 pessoas quando são expostas a um dado estímulo terão adaptações e resultados diferentes. Isto deve-se em grande parte à genética. Neste sentido, um estudo do Cambridge Centre for Sport & Exercise Sciences em Anglia Ruskin University (ARU) divulgou que 72% destas diferenças ao nível da performance se devem ao genótipo dos indivíduos, ou seja da sua constituição genética. A amostra deste estudo era constituída por 3012 indivíduos sedentários com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos de modo a perceber a influência dos genes nas seguintes capacidades: Força Muscular, aptidão cardiovascular e capacidade anaeróbia. Foram registadas melhorias nestes domínios em todos os indivíduos.
Para além dos referidos fatores genéticos os investigadores comprovaram também a influência de aspetos como: a nutrição e a capacidade relativa à recuperação a lesões. No entanto, são as particularidades ao nível da genética (nomeadamente 13 tipos de genes e respetivas mutações) que vão determinar a resposta ao exercício de cada um. Cabe então ao treinador, monitorizar as constantes respostas dadas aos estímulos (positivas ou negativas) por parte dos alunos/atletas e adaptar o treino de acordo com as necessidades.
Com o que foi exposto não pretendemos passar a ideia de que é necessário ser quase um geneticista para prescrever exercício mas compete ao treinador estar dotado de ferramentas e sensibilidade necessárias para que cada sessão de treino seja um passo para a melhoria da saúde e condição física.
Logicamente todos beneficiaremos de uma maior capacidade de produzir força ou de uma melhor condição cardiorrespiratória.
Exagerando um pouco para que se perceba esta mensagem, um treinador não deverá influenciar um uma atleta de artes marciais a treinar para poder correr uma maratona nem um corredor a treinar para ser capaz de participar em eventos de halterofilismo. Também não iremos fazer de um sénior sedentário um atleta que treina todos os dias 2x por dia.
Definir objetivos realistas e saber delinear um programa à medida do cliente e não à medida do gosto do treinador será sempre a forma mais segura e eficaz de prescrever exercício.
Bons treinos sempre mediante o respeito do princípio da individualidade!
Adaptado do artigo de Charlie Hoolihan, Rehabilitation | Seniors | Strength Training | Sports Performance | Youth Training specialist