Glúteos firmes e tonificados sempre atraíram o ser humano. Na verdade, poderá haver uma explicação natural e histórica em relação a estes músculos. Há milhares de anos quando passámos da posição de 4 apoios para a posição bípede, um glúteo potente seria sinónimo de força e aptidão para ultrapassar obstáculos, correr de forma rápida e longos períodos podendo ser útil para caçar ou proteger-se de ameaças. Nesse sentido o glúteo poderia ser um critério de escolha de parceiro de forma quase subconsciente.
Talvez por isso, ainda hoje, se explique o fascínio e interesse da sociedade pelos glúteos. O mundo da comunicação, imagem, estética e e até do exercício acabam por sofrer esta influência.
No ginásio é fácil encontrar praticantes empenhados em tonificar os seus glúteos. Mas será que o fazem da melhor forma? Será realmente importante? Se sim, com que custo ou prejuízo para o seu corpo?
Os glúteos têm inúmeras e importantes funções, nomeadamente a mobilização da anca durante a corrida, caminhada ou mesmo assegurar a posição em pé ou sentado, permitem suportar o peso e manter o equilíbrio horizontal/ nivelar a bacia. Os glúteos participam em funções mecânicas essenciais no nosso esqueleto, como tal têm participação em movimentos básicos do nosso quotidiano ou gestos desportivos. Debilidades nos glúteos podem contribuir para desequilíbrios ao nível da coxa e anca.
A região glútea abrange a área posterior à cintura pélvica entre a crista ilíaca e a prega glútea inferior. Esta região compreende grupos musculares mais superficiais, profundos, várias artérias, veias e nervos.
Como profissionais do exercício, neste texto vamos debruçar-nos sobre os 3 músculos mais conhecidos e superficiais mas o leitor fica desde já alertado para o facto de existirem outras “massas” que não devem ser negligenciadas.
O glúteo máximo é o músculo mais superficial da região glútea. O glúteo máximo envolve desde a pélvis até à tuberosidade glútea do fémur.
O glúteo médio é um músculo em forma de leque localizado na região posterior da anca, estendendo-se do osso ilíaco ao fémur proximal.
O glúteo mínimo é um pequeno músculo de forma triangular localizado profundamente na região posterior da anca. Estende-se desde da superfície glútea do ílio até à extremidade proximal do fémur.
De um modo mais empírico, diz-se que o glúteo máximo realiza a extensão, abdução (abrir) e rotação externa da coxa; e que os glúteos médio e mínimo são responsáveis pelos movimentos de abdução e rotação interna da coxa.
No entanto, se analisarmos de forma mais profissional e criteriosa a arquitetura destes músculos percebemos que poderá não ser assim tão simples. As fibras superiores do grande glúteo participam na abdução da coxa, enquanto que as inferiores participam na adução da coxa.
É necessário ter em mente que as ações musculares definidas nos manuais partindo do pressuposto que o corpo se encontra numa posição ortostática (em pé). No entanto, caso se altere a posição dos segmentos ósseos em relação à resistência aplicada, as fibras a serem solicitadas poderão ser diferentes das que à partida se pretendia.
Realizar um mesmo movimento de afastar as pernas em pé com uma banda com a perna esticada ou com a coxa fletida ou deitado numa marquesa têm resultados muito diferentes. O mesmo pode acontecer numa mesma máquina abdudora mas com o tronco com diferentes níveis de inclinação. Tal como um movimento de extensão da coxa realizado com a perna esticada terá solicitações diferentes do mesmo movimento mas com a perna fletida.
Se tiver acesso a uma imagem do grupo muscular dos glúteos irá constatar que existem fibras com potencial para “puxar” em todo as as direcções. Daí este músculo ter sido baptizado por um famoso autor como: “Glúteo – o deltóide da anca.”
Esta panóplia de situações tanto geram oportunidades como riscos.
Os exercícios que vê em certas apps ou canais do youtube, execuçõe ou variaçõess originais que vê nas redes sociais ou aconselhadas por influencers com uma imagem apelativa poderão não se adequar a si.
Recorra a um profissional experiente e realmente qualificado.
Adaptado do curso RTS – Personal Trainer na Ortopedia